Um dia você aprende que
deve obedecer. Um dia você aprende que não pode ter tudo o que quer. Que gente
que tem orgulho próprio é chato e que se deve ser solidário. Que você não deve
confiar em ninguém, que deve 'fazer o bem sem olhar a quem', que, se for menino,
não chora e que, se for menina, deve se preservar.
Você vê que a vida é só uma e que deve aproveitá-la. Você aprende que deve-se
pensar duas vezes antes de tomar qualquer atitude. Você aprende que deve
aprender com seus erros e aprende que raramente aprende com seus erros. Você
aprende a se contradizer, você aprende a mudar de idéia, você aprende a se
calar, você aprende a aceitar. Aprende que deve lutar pelos seus ideais.
Aprende que deve sonhar e que deve ter os pés no chão.
Você percebe que quem imita os outros não tem personalidade e que quem é
autêntico é esquisito e excluído. Você aprende que as pessoas podem ser muito
cruéis. Que as pessoas podem dar tudo de si mesmas para ajudar. Você aprende
que sentir ciúmes é ruim. Você aprende que quem não sente ciúmes é desleixado.
Aprende que não deve se preocupar muito com as coisas. Aprende que não deve
deixar a vida correr solta. Que o maior tesouro são os amigos e que você perde
os amigos. E ao perder, ainda jogam na sua cara que não era uma amizade
verdadeira. Que os outros te julgam e que você não deve julgar ninguém. Que
deve-se olhar além das aparências. Que as pessoas te julgam pelo que você
aparenta. Que dinheiro importa. Que amor acaba. Que amor verdadeiro não acaba.
Que não existe amor verdadeiro. Que dinheiro não trás felicidade.
Aprende que quanto mais você se esforça, mais insuficiente parece ser. E que
não se deve desistir dos sonhos. Também, que se deve desistir de coisas que não
se consegue depois de tentar muito. Aprende que a vida é curta. Aprende que
você ainda tem a vida toda pela frente. Aprende que há burrices como
preconceito e discriminação. Aprende que sente preconceito. Aprende que julga
os outros e aprende que se deve aprender a tratar as pessoas igualmente.
Aprende que as pessoas não são iguais. Aprende que as pessoas somos iguais. E
que alguns são mais iguais que os outros.
Aprende que não pode errar e que não se acerta sempre.
Aprende que cantar faz bem. Aprende que se pode ser altamente repreendido por
cantar. Aprende que dançar é bom e que as pessoas podem te repreender por
dançar. Aprende que as pessoas te magoam sem nem precisarem de um motivo. E que
podem fazer comentários como se você não se importasse com aquilo.
Aprende que quando a pessoa é fora dos padrões ela se sente ofendida quando lhe
falam isso. Aprende que as pessoas são fora dos padrões e fingem não se
importar. Que fazer piadas é legal e que é melhor fazê-las do que manter a
amizade. E que quem não aceita as piadas são tolos. Que a sinceridade é utópica
e desnecessária. Que sinceridade é tudo. Que confiança se perde fácil.
Aprende que por mais que tente o contrário, um dia vai magoar alguém. Aprende
que com conversas tudo se resolve. Aprende que tem gente que não sabe conversar
e que nessas conversas, as palavras podem funcionar como armas.
Aprende que de repente as palavras podem significar nada, algo muito importante ou várias coisas. Aprende que alguns momentos são inúteis... e que outros, que parecem ser tão simples, mudam tudo.
No fim, você aprende que tudo o que você aprende chega a um belo resultado.
Claro que isso não são frases de minha autoria. Não é amigos?
Este pensamento nada mais é do que do nosso querido e saudosista
Mário Quintana.
Bom dia.
Para que servem as mãos?
As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder,
ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar,
confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar,
acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir,
reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever......
As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau,
salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário;
Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não
matou Porcena;
foi com as mãos que Jesus amparou Madalena;
com as mãos David agitou a funda que matou Golias;
as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos
gladiadores vencidos na arena;
Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência;
os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos
vermelhas como signo de morte!
Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os
outros Judas não encontram.
A mão serve para o herói empunhar a espada e
o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir;
o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar;
o honesto trabalhar e o viciado jogar.
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor
ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!
Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!
As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios
e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura,
a arma que fere e o bisturi que salva.
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas
protegemos a vista para ver melhor.
Os olhos dos cegos são as mãos.
As mãos na agulheta do submarino levam o homem
para o fundo como os peixes; no volante da aeronave
atiram-nos para as alturas como os pássaros.
O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro
prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida;
a primeira almofada para repousar a cabeça,
a primeira arma e a primeira linguagem.
Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas.
A mão aberta,acariciando, mostra a bondade; fechada
e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada
a pena e a cruz!
Modela os mármores e os bronzes; da cor às telas
e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia
nas formas eternas da beleza.
Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza;
doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta
os aflitos e protege os fracos.
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão
de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento
de felicidade.
O noivo para casar-se pede a mão de sua amada;
Jesus abençoava com a s mãos;
as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as
mãos as cabeças inocentes.
Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica,
ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.
Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias.
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem.
Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino.
E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida.
E as mãos dos amigos nos conduzem...
E as mãos dos coveiros nos enterram!